PROGRAMA ENSINO INTEGRAL

O Programa Ensino Integral tem como uma de suas principais características a centralidade das ações no desenvolvimento do Projeto de Vida dos alunos, eixo central em torno do qual a escola organiza suas práticas, mediante a integração inter e multidisciplinar da Base Nacional Comum com a Parte Diversificada do Currículo.

O Programa de Ensino Integral (PEI) definiu um modelo de escola que propicia aos seus alunos, além das aulas que constam no currículo escolar, oportunidades para aprender e desenvolver práticas que irão apoiá-los no planejamento e execução do seu Projeto de Vida. Não apenas o desenho curricular dessas escolas é diferenciado, mas também a sua metodologia, o modelo pedagógico e o modelo de gestão escolar, enquanto instrumento de planejamento, gerenciamento e avaliação das atividades de toda comunidade escolar. No Programa Ensino Integral os educadores, além das atividades tradicionais do magistério, têm também como responsabilidade a orientação aos alunos em seu desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.

TEXTOS – PEI

Modelo Pedagógico e de Gestão  

COSTA, Antônio Carlos Gomes da – Pedagogia da Presença

COSTA, A.C.G e VIEIRA, M.A. – Protagonismo Juvenil. São Paulo. FTD, 2007. Excertos 1 e 2

COSTA, A.C.G – Por uma educação interdimensional

COSTA, A.C.G – Ética biofílica

COSTA, A.C.G – Socioeducação: estrutura e funcionamento da Comunidade Educativa Sugestão de leitura da página 55 a 99. ¹ e ²

COSTA, A.C.G – O Professor como Educador

DAMON, Willian – O que o Jovem quer da vida? São Paulo, Summus, 2009 – Resumo

DELORS, Jaques – Educação, um tesouro a descobrir – UNESCO – (4 pilares)  

GARCIA, X. M. e PUIG, J.M. – As 7 competências básicas para educar em valores. São Paulo, Summus, 2010

ARAÚJO, U.F., PUIG, M.J. e ARANTES, V.A. – Educação e Valores. São Paulo, Summus, 2010

ARGUIS, Ricardo – Tutoria: com a palavra o aluno – Porto Alegre, Artmed, 2007. Excerto

DURAN, D. e VIDAL, V. – Tutoria: aprendizagem entre iguais. Porto Alegre, Artmed, 2008

ZABALA, Antoni – A Prática Educativa. Porto Alegre, Artmed, 2000

ZABALA, A. e ARNAU, L. – Como ensinar e aprender competências. Porto Alegre, Artmed, 2010 

Liderança e Gestão

FULLAN, M. e HARGREAVES, A. – A escola como organização aprendente. Porto Alegre, Artmed, 2000  

PRINCÍPIOS DO ENSINO INTEGRAL

São eles:

1 - Os Quatro Pilares da Educação
O Programa Ensino Integral considera esses pilares como princípios estruturantes que devem nortear todas as ações desenvolvidas na escola, nas relações professor/aluno, assim como em todas as situações de aprendizagem.

Aprender a conhecer: diz respeito às diversas maneiras de o ser humano lidar com o conhecimento, integrando as três dimensões da cognição; trata-se, portanto, da competência cognitiva. Dominar a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo e a solução de problemas; despertar a curiosidade intelectual, o sentido crítico, a compreensão do real e a capacidade de discernir; construir as bases que permitirão ao indivíduo continuar aprendendo ao longo de toda a vida.

Aprender a fazer: é uma competência a ser desenvolvida para ir além da aprendizagem de uma profissão, mobilizando conhecimentos que permitam o enfrentamento de situações e desafios relevantes e significativos do cotidiano: essa competência é também conhecida como “competência produtiva”. No Programa Ensino Integral ela diz respeito, também, à aquisição das habilidades básicas, específicas e de gestão que possibilitam à pessoa adquirir uma profissão ou ocupação.Aprender a praticar os conhecimentos adquiridos; habilitar-se a atuar no mundo do trabalho pós-moderno desenvolvendo a capacidade de comunicar-se, de trabalhar com os outros, de gerir e resolver conflitos e tomar iniciativa.

Aprender a conviver: diz respeito às relações entre os seres humanos em seus diferentes contextos: social, político, econômico, cultural e transcendental, tratando-se da competência social e relacional. Esse pilar implica o desenvolvimento das capacidades de comunicar-se, interagir, decidir em grupo, cuidar de si, do outro e do lugar em que se vive; valorizar o saber social; compreender o outro e a interdependência entre todos os seres humanos; participar e cooperar; valorizar as diferenças, gerir conflitos e manter a paz.

Aprender a ser: diz respeito à relação de cada indivíduo consigo mesmo, ou seja, é uma competência pessoal. Ela se traduz na capacidade dos adolescentes e jovens em se preparar para agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade; descobrir-se, reconhecendo suas forças e seus limites, buscando superá-los; desenvolver a autoestima e o autoconceito gerando autoconfiança e autodeterminação; construir um Projeto de Vida que leve em conta o bem-estar pessoal e da comunidade.

Para transpor a teoria à prática é necessário que os conteúdos e as práticas dessa escola sejam colocados a serviço da construção das competências que esses Quatro Pilares pressupõem.

2 - A Pedagogia da Presença

Nas escolas do Programa Ensino Integral, a Pedagogia da Presença é um princípio segundo o qual a presença de todos os profissionais da escola deve ser afirmativa na vida dos alunos. Espera-se que essa presença afirmativa promova a compreensão do sentido de sua vida, o que requer um novo olhar sobre os estudos, a convivência, a colaboração, a solidariedade, os valores, a profissionalização, as maneiras de tratar as pessoas, entre outros aspectos.

No Programa Ensino Integral, a presença educativa é intencional e deliberada e não se restringe à presença física dos profissionais. Espera-se que eles possam exercer sobre os alunos uma influência construtiva: estar próximo, estar com alegria, sem oprimir nem inibir, sabendo afastar -se no momento oportuno, encorajando os estudantes a crescer e a agir com liberdade e responsabilidade. Espera-se, portanto, que todos sejam referência afirmativa, fonte de inspiração e apoio para a vida dos adolescentes e dos jovens.

Nesse contexto, é fundamental que o educador aprenda a se fazer presente na vida dos alunos com base na compreensão e na receptividade. Espera-se, ainda, que cada educador possa construir relações interpessoais qualificadas segundo a perspectiva desse Programa, consolidando um ambiente em que as aprendizagens sejam mais amplas que a formação estritamente acadêmica. A Pedagogia da Presença, portanto, requer a recontextualização dos atores e dos espaços escolares, para que cada escola se constitua como ambiente de aprendizagem e de formação integral.

3 - A Educação Interdimensional


A Educação Interdimensional representa a busca da integração entre as diferentes dimensões constitutivas do ser humano nos processos formativos que ele vivencia na escola ou em outros espaços educativos. Isso pressupõe o equilíbrio das relações do indivíduo consigo mesmo, com os outros seres humanos, com a natureza e com a esfera transcendente da vida. Enquanto princípio, a Educação Interdimensional implica a consideração da aprendizagem em outras dimensões, para além da racional, e a construção de um olhar mais amplo sobre os diferentes aspectos e nuances da realidade, o que favorece o desenvolvimento e a harmonização entre as dimensões intrínsecas ao ser humano: a o logos, associado ao pensamento racional, científico e ordenador; a o pathos, que se refere aos sentimentos e à afetividade propiciadora das relações de empatia e simpatia; a o eros, que diz respeito à dimensão do desejo, dos impulsos e da corporeidade; a o mytho, relacionado à esfera da transcendência, aos mistérios da vida e da morte.

Ainda que essas dimensões sejam próprias do ser humano em seus mais variados contextos sociais, políticos, econômicos e culturais, é importante destacar que o pathos, o eros e o mytho têm sido descredenciados como formas legítimas e válidas de conhecimento desde o advento da ciência e das técnicas modernas associadas ao progressivo domínio de uma razão analítico-instrumental, o que levou a uma reiterada primazia do logos sobre as outras dimensões humanas em um processo histórico que teve seu início na modernidade.

4 - O Protagonismo Juvenil 

No âmbito do Programa Ensino Integral, o princípio Protagonismo Juvenil corresponde à base que norteia o processo no qual os adolescentes e jovens são, simultaneamente, sujeito e objeto da ação no desenvolvimento de suas potencialidades. Segundo esse princípio, é necessário promover a criação de espaços e condições que possibilitem aos alunos o envolvimento em atividades direcionadas à solução de problemas reais, em que eles atuem como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso. O trabalho com o Protagonismo Juvenil favorece a formação de jovens autônomos, solidários e competentes, o que caracteriza o perfil do adolescente e do jovem idealizados pelo Programa. Para que se garanta o princípio do Protagonismo Juvenil na escola, é necessário que a equipe escolar assegure – por meio de práticas eficazes de ensino e de processos mensuráveis de aprendizagem, pautados pela excelência acadêmica – a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e competências para o século XXI. A formação de jovens protagonistas pressupõe a concepção dos adolescentes e jovens como fontes de iniciativa, e não simplesmente como receptores ou porta-vozes daquilo que os adultos dizem ou fazem com relação a eles, proporcionando-lhes espaços e mecanismos de escuta e participação. Portanto, não é válido conceber o Protagonismo Juvenil como projeto ou ação isolada, mas como participação autêntica dos adolescentes e jovens, ou seja, uma participação relacionada ao exercício autônomo, consequente e democrático.

AGENDA

É objetivo da Agenda Bimestral assegurar que as escolas do Programa Ensino Integral estejam alinhadas quanto ao desenvolvimento das ações da Parte Diversificada do Currículo e das demais ações, como atividades de formação, de gestão da escola e de desempenho das equipes. Isso permite a coerência pedagógica entre todas as escolas do Programa Ensino Integral quanto ao Currículo ensinado, assim como a possiblidade de organização de espaços de compartilhamento das experiências vivenciadas nas unidades, como, por exemplo, a culminância do trabalho pedagógico desenvolvido nas disciplinas eletivas.

A Agenda da Escola apresenta a organização proposta pela escola para oferecer o currículo integrado, sob responsabilidade do Diretor, e para oferecer evidências do cumprimento das ações previstas no Plano de Ação da escola e nos respectivos Programas de Ação.

IDESP - SARESP

O que é?

O Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) é um indicador criado em 2007 pela Secretaria de Educação de São Paulo para avaliar a qualidade das 5.183 escolas da rede. Nesta avaliação, considera-se que uma boa escola é aquela em que a maior parte dos alunos apreende as competências e habilidades requeridas para a sua série, num período de tempo ideal - o ano letivo. Por isso, o Idesp é composto por dois critérios: o desempenho dos alunos nos exames de proficiência do Saresp (o quanto aprenderam) e o fluxo escolar (em quanto tempo aprenderam). As escolas têm um Idesp para cada ciclo. Ou seja, a escola que tem três ciclos (1ª a 4ª, 5ª a 8ª e Ensino Médio) tem três índices, três metas.

Estes dois critérios se complementam na avaliação da qualidade da escola. Isto porque não é desejável para o sistema educacional que, para que os alunos aprendam, eles precisem repetir várias vezes a mesma série. Por outro lado, também não é desejável que os alunos sejam promovidos de uma série para a outra com deficiências de aprendizado. Para que serve?

O Idesp avalia a qualidade do ensino nas séries iniciais (1ª a 4ª séries) e finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental (EF) e no Ensino Médio (EM) em cada escola estadual paulista. A metodologia utilizada no cálculo do Idesp permite que a escola acompanhe sua evolução de ano para ano. Assim, o objetivo do Idesp é fornecer um diagnóstico da qualidade da escola, apontando os pontos em que precisa melhorar e sinalizando sua evolução ano a ano, através de metas de qualidade.

O que são as metas de qualidade?

As metas por escola se constituem num instrumento de melhoria da qualidade do ensino nas séries iniciais (1ª a 4ª séries) e finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. As metas servem como um guia para que os professores, gestores escolares, pais de alunos e a comunidade acompanhem a evolução das escolas no aprimoramento da qualidade de ensino.

A Secretaria de Estado da Educação propôs metas de longo prazo e metas anuais específicas para cada escola, com o objetivo de garantir que todas elas atinjam as metas de longo prazo. As metas anuais servem como um guia da trajetória que as escolas devem seguir, fornecendo subsídios para a tomada de decisões dos gestores e demais profissionais ligados ao sistema educacional da rede estadual paulista.

As metas para o ano de 2030 são: 7 para o ciclo de 1ª a 4ª série; 6 para o ciclo de 5ª a 8ª série; e 5 para o Ensino Fundamental. Com essas metas de longo prazo, pretende-se que as escolas estaduais paulistas atinjam índices comparáveis aos dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são os mais bem colocados do mundo em termos de qualidade da educação. 

Deste modo, cada escola possui uma meta própria, ou seja, as metas anuais consideram as peculiaridades da escola e estabelecem passos para a melhoria da qualidade de acordo com aquilo que é possível a escola atingir e do esforço que precisam realizar.

PROJETO DE VIDA

O Projeto de Vida é o eixo estruturante do Programa Ensino Integral e pressupõe um esforço concentrado da equipe escolar para assegurar seu pleno desenvolvimento. Esse esforço desdobra-se em diversas atividades presentes em todas as metodologias do Programa e pressupõe a definição de objetivos, de um plano para alcançá-los e das ações que deverão ser realizadas.

Cada estudante precisa materializar seu Projeto de Vida em um documento escrito a ser constantemente revisado, tendo um professor responsável que assuma a tarefa de orientá-lo tanto na construção inicial, quanto no seu constante aprimoramento. A aquisição das aprendizagens oferecidas pela escola ao jovem é um elemento fundamental para a construção e o desenvolvimento do Projeto de Vida, pois possibilita seu desenvolvimento acadêmico e pessoal. É importante que a equipe escolar o incentive a refletir sobre quem ele é, quem ele gostaria de ser e ajudá-lo a planejar o caminho que ele precisa seguir para alcançar o que pretende ser. Essa reflexão deve contemplar a articulação entre a singularidade do indivíduo e os diversos contextos em que ele está inserido, o que dará suporte ao aluno na realização de suas escolhas. A construção do Projeto de Vida deve considerar a reflexão sobre sonhos e planos, que é um processo complexo e, por vezes, demorado, que pode ser alterado à medida que os alunos amadurecem, sendo também um estímulo àqueles que nem ousam sonhar.

O Projeto de Vida é um meio de motivar os alunos a fazer bom uso dessas oportunidades educativas. Aos educadores cabe a tarefa de apoiar o Projeto de Vida de seus educandos e garantir a qualidade de suas ações. No entanto, cabe também aos estudantes a corresponsabilidade no seu desenvolvimento, já que são os interessados diretos. O Projeto de Vida é o foco para o qual devem convergir todas as ações educativas, sendo construído a partir do provimento da excelência acadêmica, da formação para valores e da formação para o mundo produtivo.